quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

23 canções para 23 anos, por Amanda M.

Hoje é meu vinte e dois de fevereiro, e a chefa disse que eu deveria fazer uma playlist com as minhas vinte e três canções. Aí eu fiz sim e com todo gosto, porque eu sempre gostei muito muito de música, apesar de.

Minha história com a música é assim: meus pais nunca foram muito sonoros (aliás, há um ano e nove dias meu pai aprendeu a gostar de "Yesterday") e eu nunca tive um irmão mais velho pra me guiar no mundo musical. Meu melhor amigo sempre foi um fã de heavy metal, coisa que me dá uma agoniazinha nos ouvidos, admito. Daí eu me pergunto como eu aprendi a gostar de música e me dou duas explicações: Literatura e aleatoriedade. 
                                                                       
Devo dizer que quase tudo que sei na vida eu devo à Literatura. Foi ela quem me indicou a maioria dos filmes, livros, canções, artistas e lugares que me compõem.                     
Houve casos também em que descobri as minhas canções no aleatório, sabe. Eu era pré adolescente e alugava discos pra ouvir trancadinha no meu quarto, lá no 301 C.

Acho que antes de vocês escutarem tudinho aqui, eu deveria explicar algumas coisas. A primeira é que essas não são necessariamente as minhas canções favoritas, mas elas devem ser as que mais contam a história da minha vida, dos meus (des)amores, das vezes que fui atropelada, de como me recuperei e do por quê de eu ainda estar aqui, com um coração cada vez mais adolescente e espumoso. Também é interessante que vocês saibam que a ordem em que as músicas estão dispostas não é cronológica nem é por importância. Essa ordem é autobiográfica, e você entende melhor se tiver chegado muito perto de mim durante esses anos todos.
É isso, eis minha lista muito muito sincera. Escutem e me reconheçam.

1 - Never Had No One Ever - The Smiths 
Smiths é minha banda favorita, mas eu nem tenho uma canção preferida deles.
Sempre que preciso fazer listas sonoras, eu indico uma música diferente, já que todas falam muito de mim.
Quem me conhece sabe que eu sou muito Morrissey. Uma reclamona. Uma insatisfeita. Geniosa até demais.

2 - Mapas do Acaso - Engenheiros do Hawaii 
Eita pau. Aqui eu tinha uns treze anos e eu dizia que Engenheiros era minha banda favorita de todos os tempos. E era mesmo.
Essa música é linda, linda, linda, gente. Avemaria.

3 - Soul Parsifal - Legião Urbana 
Essa deve ser a canção mais dolorosa do mundo inteiro pra mim, e é por isso que passei uns três anos sem conseguir escutá-la. Lembro de uma das ocasiões em que fui atropelada, quando estava gravemente machucada, meus amigos sem saber o que fazer, meus pais em transe, e essa canção ecoava. Por fora e por dentro, sabe? Ela fazia todo o sentido por fora e por dentro de mim.
Hoje, quando escuto, dá vontade de ouvir umas quatro vezes, chorar bem muito, respirar fundo e enxergar a esperança. Porque ela também fala disso, mas só há pouco tempo eu percebi.

4 - Forasteiro - Natiruts 
Não sou muito chegada em reggae, mas "Forasteiro" toca bem aqui dentro, entende?!
Eu conheço um garoto que escutava essa música quase todas as tardes, e eu nem reparava nela.
Hoje eu escuto, vezenquando. Ponho pra tocar, deito na rede e penso em todas as coisas que a gente deixa de fazer e de falar nessa vida e em como as pequenices do dia a dia são bobagens.
Ano passado fui à Brasília e reencontrei esse garoto. O detalhe é que ele nunca pôs os pés lá.

5 - Condicional - Los Hermanos 
Eu era muito chata, agora eu sou menos. Houve um tempo em que eu não escutava uma banda que todo mundo fosse fã, porque eu tinha muito abuso mesmo. Esse foi meu caso com Los Hermanos, até eu conhecer "Condicional".
Aqui, os Hermanos explicam que viver é uma via de mão dupla. Que a gente é atropelado e se machuca feio, mas que às vezes somos tão escrotos quanto as pessoas que nos atropelam.

6 - Qualquer Bobagem - Mutantes 
Essa música é do Tom Zé e é linda de um jeito tão-tão que não sei nem dizer.
E eu fico especialmente tocada com Mutantes, porque os descobri quando era adolescente e cada vez gosto mais. E porque uma parte de mim sempre foi muito Rita Lee, ainda que eu não quisesse.

7 - Sangue Latino - Ney Matogrosso 
É muita exposição dizer isso, mas "Sangue Latino" sintetiza boa parte desses 23 anos.

8 - As Vitrines - Chico Buarque 
Dizem que Chico Buarque é coisa de pseudo intelectual, e eu concordo.
Amo o Chico e sou muito pseudo intelectual e pseudo cult e pseudo todas essas coisas que dizem aí.
Essa é a minha música de sofrer por amor.

9 - Andança - Bethânia 
Agora me diga: o que é a voz dessa mulher? Linda, linda, linda.
Bethânia sempre canta pra mim quando tou apaixonada, cheia de amor no corpo-coração e com um sorriso besta na cara. 

10 - Tanto Querer - Geraldo Azevedo
Geraldo Azevedo presenciou o dia em que meu coração ficou maior, a cidade me apresentou muitos caminhos e eu não sabia pr'onde deveria seguir. Bateu um medo danado de ser eu e de ter que fazer escolhas.
Aí decidi ir à Reitoria da Universidade, e todo mundo começou a dizer que eu sabia a discografia completa do Geraldo.
Nem era... Era ele quem sabia de tudo.

11 - Duas Cores - Mombojó 
Corria o ano de 2007 quando as bandas de pernambuco invadiram com tudo as pastas do meu computador.
Eu ouvia o primeiro CD do Mombojó e achava tudo muito incrível e tinha muita vontade de dançar.

12 - Binóculos - Letuce 
Letuce faz parte da trilha sonora desse novo ciclo no qual mergulhei. A Grande Onda chegou, eu aviso logo.
Informo também que o mar do meu coração de espuma está sereno.

13 - When You're Gone - The Cranberries 
Cranberries e uma Amanda-adolescente, que cantava com microfone de escova de cabelo em frente ao espelho.

14- Open (down the road and up the hill) - Regina Spektor 
Todos os cabelinhos do meu braço se arrepiam com essa música.
Eles amam a voz da Spektor.

15 - Just Like Heaven - The Cure 
"Just Like Heaven" me dá vontade de chorar. Me lembra uma história que é quase minha.

16 - Glory Box - Portishead 
Passei doze anos da minha vida procurando essa canção, gente. Doze anos.

17 - Scar Tissue - RHCP 
Essa eu ouvia demais 2004, acho. Férias pra mim significava esperar as músicas do RHCP tocarem na rádio pra eu poder gravar na minha fita cassete. Me lembra também alguns amores adolescentes.
Mas em 2011 essa música voltou com tudo pra minha vida e nem era porque eu colocasse pra tocar.

18 - Hard to explain - Strokes 
Strokes é uma banda que eu não gostei de primeira, mas hoje eu não entendo o por quê.
Eles têm uma energia assim da minha idade: muito adolescente.
E só Deus sabe o que senti quando reparei bem nessa última estrofe. 
Hard, muito hard, essa canção e minha vida inteira.

19- Junk Of The Heart - The Kooks
Essa música me dá uma imensa vontade de viver e ser absurdamente feliz.
Dá vontade de acordar dançando e sair de casa à tarde pra fazer planos no Bairro Benfica.

20- Ready To Start - The Arcade Fire 
Se tem uma banda que dedicou a carreira pra falar de mim foi Arcade Fire. Não é uma canção ou outra, não... São todas as canções, a cronologia, a temática e o feeling de cada CD. Tenho uma sensação de que se eles parassem de tocar, tudo bem. Já teriam me dito tudo o que havia a ser dito pra mim, sabe?
É incrível, eu sei. Mesmo assim, eu nem fico me achando.

21 - Rebellion (Lies) - The Arcade Fire 
Quando se tem um grande problema, a saída é fugir. Pois foi o que fiz, quando peguei aquele avião...
Na hora do medo de o problema crescer ou de eu cair da ilha do Lost, quem me acalmou foi o pessoal do TAF.

22 -  Only Happy When It Rains - Garbage 
Essa musica eu ganhei um dia desses, de alguém que me conhece muito.
Alguém que sabe de como fico feliz quando chove e sabe de muitas coisas indizíveis sobre mim.

23 - Sing your life - Morrissey 
Eu ainda não acredito direito que o dia da realização do meu grande sonho tá chegando e que cantarei a minha vida com o Moz.
Mas é verdade, e eu ouço esse refrão todo dia pra acreditar.

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