sexta-feira, 25 de setembro de 2009

É o quê, Bob?




“Algumas das minhas canções favoritas: 'Only Love Can Break Your Heart' do Neil Young; 'Last Night I Dreamed That Somebody Loved Me' dos Smiths; 'Call Me' da Aretha Franklin; 'I Don't Want to Talk About It' de alguém aí. E então vem 'Love Hurts' e 'When Love Breaks Down' e 'How Can You Mend a Broken Heart' e 'The Speed of the Sound of Loneliness' e 'She's Gone' e 'I Just Don't Know What to Do with Myself ' e... algumas dessas canções eu tenho ouvido maisoumenos uma vez por semana em média (300 vezes no primeiro mês, de vez em quando depois disso), desde que eu tinha 16 ou 19 ou 21 anos. Como isso pode não te deixar ferido em algum lugar? Como isso pode não te tornar o tipo de pessoa disposta a se quebrar em pequenos pedaços quando seu primeiro amor dá errado? O que vem antes, a música ou o sofrimento? Eu ouvia música pop porque sofria ou sofria porque ouvia música pop? Será que todas essas canções te transformam em uma pessoa melancólica?'


“As pessoas se preocupam com crianças brincando com armas e adolescentes assistindo vídeos violentos;  temos medo que algum tipo de cultura da violência vai tirá-los da linha. Ninguém se preocupa com crianças ouvindo milhares, literalmente milhares, de canções sobre corações partidos e rejeição e dor e sofrimento e perda. As pessoas mais infelizes que conheço, romanticamente falando, são as que mais gostam de música pop e eu não sei se a música causou a infelicidade, mas eu sei que eles ouviam canções de fossa como viviam suas vidas infelizes.”


Nick Hornby, High Fidelity


Tradução: Márcio Moreira

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vai um playback aí?









Playback é uma coisa muito bizarra. Fica parecendo que os músicos estão com preguiça de tocar, algo assim. Em um programa de um canal italiano, o Muse resolveu sacanear total com o playback. Matthew (vocal) resolveu fingirque tocava bateria enquanto Christopher (baixo) assumiu o teclado e a guitarra, ao mesmo tempo que Dominic (bateria) passou a comandar o baixo e o vocal. É incrível como dá pra perceber que a produção do programa não conhecia a banda, é tão perceptível a falta de talento das baquetas nas mãos de Matthew! HAHAHAHAHA!



Por: Keka






quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Se garantem, e muito.

Dia desses estava eu no ônibus a conversar com um cara, que nem lembro o nome, sobre música e seus movimentos. Acho que foi a primeira vez que me dei conta de que sabia um bocado de coisas. Interessante. Aí, começamos a discutir alguns tipos de canções. Percebi que ele curtia mais canções tristes, pra baixo, essas coisas que todo mundo adora. Aprendi bastante coisas, por exemplo, um sentido mais simples para conceituar pós-punk (é, agora entendi!). 


Eu, pelo contrário, prefiro aquelas canções com melodias mais agitadas, mesmo que a letra seja de uma fossa total. As vozes femininas sempre me atraíram mais. Não que eu goste de meninas, não é isso (meu querido amante sabe muito bem o que falo, hein), mas é que elas sempre me passaram uma sensação de poder - até mesmo prepotência em relação às coisas que quase sempre tendem a nos colocar pra baixo. Desde de que comecei a ouvir música de verdade, para criticar e espalhar por aí são elas que compõem a maior parte das minhas preferências. São várias. Posso dizer que a primeiras delas é Shirley Manson, do Garbage, porque ao mesmo tempo em que estava saindo dos hit parade (hahahaha) já curtia a petulância daquela mulher esquisita. E por aí foi. Como hoje costumo ouvir mesmo e gostar é da voz da Blake Hazard, do The Submarines, que é mais simples e menos agressiva. Vê aí:

Coloquei aqui algumas daquelas que mais admiro. Tem poucas artistas nacionais, eu sei, mas é que são poucas as que acho maravilhosas. Tem muito mais-do-mesmo sempre. Mas essas não, caro leitor (ou minha cara).



Mulheres que se garantem (por DJ Keka)
The Cardigans - Godspell
CéU - Espaçonave
She & Him - Why do you let me stay here?
Kate Nash - Foundation
The Submarines - Sub Symphonika
The Asteroids Galaxy Tour - Lady Jesus
Lily Allen - Friday Night
Los Cocineros - La bailarina
Garbage - Vow
Ludov - Vinte Por Cento
Gilrs in a coma - Clumsy Sky




Por Keka
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Por motivos chatos os links voltaram a ficar nos comentários.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma volta pelo lado selvagem



1 da manhã de um dia complicado e sou a única pessoa acordada na casa. Estou sentado há umas três horas, escrevendo um trabalho pra cadeira de Publicidade e Multimídia. Eu e aquele silêncio tão profundo que zune nos ouvidos. O que aconteceu aos carros dessa cidade?

Momentos como esse são muito propensos à três coisas: café, existencialismo e Velvet Undergound. Ao fim e ao cabo, não tenho o primeiro, temo o segundo e acabo escolhendo um pedaço do terceiro- Lou Reed. Lou é um cara sisudo, desses malandros cheios da sabedoria da rua que estocam um bom pedaço de desprezo pelo sistema social. Essa sabedoria levou a música da década de 60 alguns anos à frente e influenciou gente como Joy Division e Strokes. Transformer, o álbum que estou ouvindo agora e indico pra você é um tipo de interlúdio em sua carreira, uma inscursão bem medida pelo pop com o qual já flertara com o Velvet no álbum de 1969. Sem deixar-se cair no experimentalismo que caracteriza sua obra, Lou compõe músicas que descem fácil pelo ouvido ("Hangin' 'Round" e "New York Telephone Conversation") até refrões óbvios e repetitivos (Satellite of Love). O resultado é o trabalho de um artista no seu auge de domínio técnico e de composição.

Escrevo enquanto ouço a voz de Lou me contando as coisas da vida. Olho pra tela e pergunto:
-E agora?
Lou me encara (ou, pelo menos, o Winamp parece me encarar na tela do pc) e me entrega a resposta:
- Hey, baby, take a walk on the wild side!


por: Márcio Moreira

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

- Sabe do que se trata tudo isso, Nick?

- Do que se trata tudo isso?
- Disso, Nick. É disso que se trata.
- Não.
- Os Beatles.
- O que têm os Beatles?
- Eles sacaram.
- Sacaram o quê?
- Tudo!
- Como assim?
Dev tira o braço e o coloca no meu, pele com pele, suor com suor, toque com toque. Depois ele passa a mão na minha e entrelaça os dedos.
- Isto- diz ele. - É isto que os Beatles entendem.
- Acho que não estou acompanhando.
- Nas outras bandas, é sobre sexo. Ou dor. Ou uma fantasia qualquer. Mas os Beatles, eles sabiam o que estavam fazendo. Sabe por que os Beatles ficaram tão importantes?
- Por quê?
- I wanna hold your hand. O primeiro single. É brilhante, porra! Talvez a música mais brilhante que já foi composta no mundo! Porque eles sacaram. É o que todo mundo quer. Não sexo quente o dia todo, sete dias na semana. Nem um casamento que dure cem anos. Nem um Porsche, um boquete ou um barraco de um milhão de dólares. Eles só querem segurar sua mão. Eles têm um sentimento que não conseguem esconder. Cada canção de amor de sucesso dos últimos cinquenta anos pode remeter a I wanna hold your hand. E cada história de amor de sucesso tem esses momentos insuportáveis e intoleráveis de mãos dadas. Acredite em mim. Eu pensei muito nisso.
- I wanna hold your hand- repeti.
- Você já está segurando, meu amigo. Já está.
Nick and Norah's Infinite Playlist, Rachel Cohn e David Levithan

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Radiohea_d








Andrews Ferreira Guedis, um cara paulistano, esteve presente numa das apresentações do Radiohead aqui no Brasil. Empolgado com o show, resolveu compilar uma série de vídeos gravados a partir de câmeras fotográficas e de celular em diferentes ângulos da música "Paranoid Android". Depois disso foi logo cobrado por fãs da banda para que houvesse mais vídeos como aquele. "Depois disso fui bombardeado com perguntas sobre a edição de outras músicas. Nunca tinha pensando em fazer um projeto desses, apenas editava vídeos de shows da minha própria banda - a Refink". - disse em entrevista ao jornal Estadão na última quinta-feira. Foi a partir disso que colocou pra frente o projeto Rain Down - nome tirado de um dos momentos mais marcantes do show em São Paulo, segundo Andrews.

O projeto está disponível em seu site para download desde o dia 31 de agosto totalmente grátis.







quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não resista




Ainda não consigo entender como as pessoas conseguem resenhar tão rápido algo que acaba de ser lançado. Pensei em escrever sobre o novo álbum do Muse, The Resistance, mas achei que não seria tão boa a minha opinião acerca do cd pois não estaria totalmente formada. Foi assim com o Humbug, do Arctic Monkeys, que não me agradou nem na primeira, nem na segunda nem na terceira ouvida. Muito menos na quarta. Até que comecei a ouvir como múica de fundo e comecei a gostar. Confesso que considero um dos melhores álbuns do ano.


Ontem, no dia 09/09/09, caiu na rede com cinco dias de antecedência o mais novo álbum do Muse. Fiquei sabendo que tinha vazado via sms (pra vocês verem como gosto da banda!). Acho que vale colocar aqui a primeira impressão que tive, não vale?


Bom, quando saiu o primeiro single "United States of Eurasia (+Collateral Damage)" não fiquei tão empolgada, pois estava muito à la Freddy Mercury. Depois saiu "Uprising" pra quebrar tudo. Quando Matthew Bellamy (vocal, guitarra e piano), Christopher Wolstenholme (baixo, voz secundária e teclado) e Dominic Howard (bateria e percussão) começam a tocar "Unnatural Selection" ou "MK Ultra" é como se todas as melhores músicas que fizeram até hoje estivessem em cada uma dessas.


Talvez eu possa definir The Resistance com uma só palavra: grandioso. Tirando as três últimas faixas que achei bem chatinhas, é isso. Os caras são bons pra caralho mesmo. Mas sem idolatrações, por favor.




Muse - The Resistance (2009)
01 - Uprising
02 - Resistance
03 - Undisclosed Desires
04 - United States of Eurasia (+Collateral Damage)
05 - Guiding Light
06 - Unnatural Selection
07 - MK Ultra
08 - I Belong to You (+Mon Cœur S'ouvre à ta Voix)
09 - Exogenesis: Symphony Part 1 (Overture)
10 - Exogenesis: Symphony Part 2 (Cross-Pollination)
11 - Exogenesis: Symphony Part 3 (Redemption)




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Por motivos bem chatos, os links ficaram disponíveis nos comentários.


Por: Keka ou DJ Kekete

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Porque o Brasil é brega.

Há muito e muito tempo atrás, o mundo não era nada parecido com o que é hoje. Por exemplo, não havia Internet. Não, tô falando sério. Mesmo.  Eu sei, bem estranho. 

Mas enfim... nesse longínquo tempo de 1970 e arredores, o modo como se produzia música também tinha suas diferenças. Para que um artista lançasse um álbum, era necessário muito equipamento caro, técnicos, produtores, gravadora... uma parafernália sem fim que tornava o processo de gravação bem mais caro do que é hoje. Naquela época, os artistas eram objetos de extensas campanhas de divulgação em rádio e televisão, para que as vendas cobrissem os custos de produção e ainda gerassem lucro. Sendo assim, as gravadoras não se interessavam em quem não fazia música para as massas, mas pelos hits. Indie rock e cauda longa, nessa época, nem sonhando.

E qual era o som que bombava nas rádios nessa época? Os ritmos populares! Boleros, baladas, sambas enchiam de tristeza os receptores do Brasil. Porque, se você não sabe, o Brasil é brega. Alegria em música popular é coisa recente e, até a década de 60, rara. Até hoje o tema predominante em canções brasileiras- amor- é em sua maioria cantado em forma de dor-de-cotovelo. Os críticos podem falar o que quiserem (e falaram, em muitos momentos da história), mas enquanto a classe média politizada ouvia MPB e tramava contra a Ditadura, os operários, empregadas, secretárias e todos que faziam o país funcionar se derretiam sob o som de nomes como Odair José, Waldick Soriano e Fernando Mendes. 

Em que momento será que perdemos essa cultura? Será que a classe média que escreve letras de Chico Buarque em livros didáticos de História realmente matou a música brega? Será que viam essa "cultura popular" da mesma forma que olhamos torto hoje para o funk e o forró elétrico? Pode até ser, mas muitos artistas atuais estão provando a velha premissa do rock'n'roll ("você pode até brigar com seus pais, mas sempre vai se dar bem com seus avós") e buscando no arcabouço da música brega material para regravações, invenções e releituras.

 Por isso o Implosão Sonora traz pra você a mixtape Brega Revisited! de músicas populares regravadas por gente nova e não-tão-nova assim. Afinal, os preconceitos culturais podem existir, mas o sentimento é eterno. Ou vai dizer que você nunca se sentiu apaixonado ao ouvir a canção "Você não me ensinou a te esquecer" sem nem sonhar que ela é, na verdade, de autoria do Fernando Mendes? Parte do material foi retirado de coletâneas, o que facilitou muito a seleção, mas tentei também ir além, buscando regravações individuais e versões bacaninhas. 






 Sim, Che, também temos nossos ícones.



Lado A
Adriana Calcanhoto - Caminhoneiro
Caetano Veloso - Você não me ensinou a te esquecer
Los Hermanos - Vou tirar você desse lugar
Lula Queiroga e China - Impossível acreditar que perdi você
Marina Machado e Samuel Rosa - Grilos
Móveis Coloniais de Acaju - Sorria, sorria
Otto - Pra ser só minha mulher
Zeca Baleiro - Retalhos de Cetim


Lado B
Arthur de Faria & Seu Conjunto - Uma vida só
Fino Coletivo - Eu te amo, meu Brasil
Frank Jorge - A dama de vermelho
Jumbo Elektro - A noite mais linda do mundo
Laranja Freak - Mon amou, meu bem, ma femme
Reino Fungi - Você não serve pra mim
Trash pour 4 - Não se vá
Reginaldo Rossi - Leviana (DjfRoid Remix)


E pra quem se interessou, recomendo o livro "Eu não sou cachorro não", do Paulo César de Araújo.
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por: Márcio Moreira ou DJ Potox

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Amor, fumaça e sentinelas


Encontramos Roque Moreira por acaso, num palco alternativo da Feira da Música enquanto esperávamos o show da Érika Machado. E foi um encontro memorável.
A banda é piauiense de Teresina, com muito orgulho, híbrida de música regional, hardcore, funk e rock, daquelas que só o Nordeste produz. Aliás, esse é um dos grandes trunfos da Roque. Ao explorar as raízes piauienses ao máximo, os vendedores de cajuína provam que a semente de Chico Science ainda floresce e que a mistura do regional com o global não está, de forma alguma, esgotada. Cantando de amor, fumaça e sentinelas, Daniel Hulk abre seu coração para o microfone numa performance indefinível que tanto podia ser do Wando como de um vocalista de metal melódico. Fazendo a base, a cozinha de Bai Bai (contrabaixo), Arnaldo Pacovan (percussão) e Anderson Canibal (bateria), vão do heartbeat do reggae a uma pancadaria de arder orelha do nêgo. Tudo coroado pela guitarra de Samuel Calango, capaz de dedilhar solos dando cambalhota, como mostrou num dos momentos mais bacanas show.
Apesar de soarem mais calmos no cd, o Conjunto Roque Moreira é daquelas bandas de tocar no baile e balançar o esqueleto, seja ao ritmo cadenciado do forró ou ao bate-cabeça do roque'n'roll (assim, com "qu" mesmo).
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Por: Márcio Moreira (que, mesmo que pareça coincidência, não faz parte do Conjunto)
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